terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Face da Mulher na Religiosidade Atual

MACHISMO E DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER
AINDA ESTÃO PRESENTES NO CENÁRIO RELIGIOSO

por Taciano Gouveia

Apesar dos grandes avanços conquistados pelas mulheres, no meio religioso, ainda há uma sensível discriminação de seu papel. Em muitas igrejas, mulheres ainda não podem ocupar cargos comuns aos homens.

Pastora Noeme diz que preconceito é alimentado por
interpretações erradas dos textos bíblicos
Foto: Taciano Gouveia
As justificativas são de ordem teológica, histórica e institucional, “Essa resistência ocorre por interpretações machistas de textos bíblicos que são usados isolados de seu contexto, e que não explicam o assunto todo”, afirma Noeme de Matos Wirth, pastora da Igreja Metodista (a primeira igreja a ordenar pastoras no Brasil). Além dos cargos, ainda existem comportamentos que são mais cobrados das mulheres, do que dos homens. “Quando pertencia à uma outra denominação e fiquei grávida sendo solteira, fui suspensa dos cargos e atividades que ocupava. E quando rapazes da igreja passavam pelo mesmo, não eram suspensos de tudo e eram menos cobrados pela comunidade”, declara Natalia Cristina, diaconisa da Igreja Fonte da Vida. “Muito do machismo nas igrejas evangélicas já foi vencido, mas tem muito ainda a ser feito, pois ainda existem grupos que endurecem o reconhecimento das mulheres como líderes, tentando mantê-las apenas como serviçais”, diz Vanilda Colombari, ex-missionária da Igreja Luz para Todos os Povos.

A Igreja Católica Apostólica Romana, a Congregação Cristã no Brasil, bem como, as Igrejas Ortodoxas Orientais ainda não ordenam mulheres como sacerdotisas ou a postos de liderança equivalentes aos dos homens, “Eu não concordo com essa divisão, mas creio que a mudança virá, porque, na prática, a liderança feminina já exerce na profundo papel de importância na minha igreja e é questão de tempo para ser normatizado”, diz a arquiteta católica Carol Zacché, integrante do círculo de oração da Casa de Maria. “Minha igreja não é vanguarda neste assunto”, diz a irmã Maria Eugênia, freira da Ordem Dominicana em Palmas, mas lembra que quando Jesus curou a sogra de Pedro “esta começou a servi-los” sendo portanto a primeira diaconisa/diácono mencionada nos evangelhos, e lembra que a maioria dos cristãos e lideranças eram compostos por mulheres no início do cristianismo. Também acrescenta que existe muito a ser feito para restaurar o feminino na Igreja Cristã “e mesmo que leve outros 500 anos, nós conseguiremos”.

Paula Aquino, membro da Juventude Espírita da FEB (Federação Espírita Brasileira), conta que “no espiritismo esse não foi um problema central”, já que o movimento espírita no seu início foi recebido especialmente por intelectuais socialistas, que consideravam que o casamento e a mulher eram tratados como propriedade privada, coisa a ser emancipada. Isso facilitou a discussão, superando a barreira das posições ocupadas por mulheres, mas admite “pouco fizemos ativamente como espíritas na militância pela inclusão das mulheres no Brasil”.

2 comentários:

  1. nossa gostei muito da sua matéria Taciano. Sou Católica Apostólica e no inicio da leitura imaginei uma materia criticando a religião, mas voce conseguiu ser bem imparacial quandou ouviu varias versões. Gostei muito. Parabéns!

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  2. Instigante tua matéria Taciano, parabéns.
    É preciso, realmente, quebrar certos tabus em relação à questão litúrgica em quase todas as igrejas em relação às mulheres.

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